Tipos de pratos e suas aplicações

Nos primórdios da bateria, no início do século XX, os pratos não tinham função especializada. Os mesmos pratos eram usados para conduzir e atacar, sem distinção. Com o tempo, foram sendo desenvolvidas tecnologias que permitiam projetar um prato para uma sonoridade com função mais específica. Quando falamos em “tipos de pratos”, na verdade, estamos falando de pratos projetados para determinadas funções dentro do kit. No entanto, isto não impede em nada que o prato seja utilizado para uma finalidade diferente para a qual foi projetado. Assim, fique à vontade para crashear seu Ping Ride, ou usar seu splash de 10” para conduzir. Se o som funcionar, ótimo. Música é isso. Abaixo, vou descrever algumas características dos tipos de pratos mais comuns vistos nos kits por aí.



Ride

O Ride (ou prato de condução) é o prato utilizado para conduzir o groove. Condução é a parte do groove que segue continuamente e serve como uma base para se colocar as batidas acentuadas (geralmente caixa e bumbo). A condução geralmente é feita no Ride ou nos Hi-Hats (ou chimbal, ou chipo). Na minha opinião, o Ride é o mais nobre dos pratos, pois permite uma variedade muito grande de sons devido ao seu desenho. Existem rides mais “secos” (os Dry e Ping rides) e mais ricos em harmônicos. Os harmônicos são mais agudos e cortantes em pratos usados em rock/pop e mais graves e encorpados em pratos usados em jazz e blues. Os tamanhos de rides mais utilizados estão entre 18” e 22”, embora existam rides de até 24”. Esse tamanho todo é necessário para impedir que os harmônicos produzidos durante o sustain se somem e resultem em um som com mais volume que os ataques. Em um ride é importante que os ataques da onda sonora sejam bem definidos. A grande superfície também permite que sejam exploradas diversas regiões do prato, com resultados sonoros bastante diversos. Normalmente, um ride tem um ou dois “sweet spots” (“pontos doces”) que são regiões em que o prato soa melhor quando tocado.Um tipo exótico de ride é o “Flat ride”, que é um prato sem cúpula. Os flat rides são pratos com som mais seco e pouco volume, mais utilizados em jazz. Os chamados “Crash-Rides” são pratos com características intermediárias entre o Crash e o Ride, que possibilita seu uso tanto para condução como para ataque. Neste caso, a condução é rica em harmônicos e o crash é bem grave e volumoso, com bastante sustain.


Crash

O Crash (ou prato de ataque) é o prato usado para realizar acentuações enxertadas no groove. Normalmente é tocado durante os fills (viradas). As características de um crash são um som explosivo, que tenha ataque rápido e um sustain prolongado e com volume. As medidas mais utilizadas nos crashes vão de 14” a 19”. Existem crashes de até 21”.



Hi-Hats

O termo “Hi-Hats” (ou chimbal, ou chipo, ou simplesmente “hats”) é usado para definir o par de pratos montados em uma estante especial (máquina de chimbal) que permite que os pratos sejam tocados um contra o outro através de um pedal. O uso mais comum dos hats atualmente é também para condução, com os pratos em posição “fechada” (pedal acionado) e tocados com a baqueta. Isso gera um som com um ataque muito bem definido e com um sustain muito curto, quase inexistente, ideal para condução de ritmos mais modernos. Diferentes posições do pedal, em conjunto com os toques de baqueta, permitem também obter uma grande variedade de sons. Os hats de melhor qualidade são pares com pratos diferentes entre si. O prato de baixo (conhecido como “bottom”) é mais pesado e é responsável pelo timbre geral e volume do conjunto. O prato de cima (conhecido como “top”) é responsável pelo ataque e sonoridade do “chick” (som tocado com o pé), bem como o timbre do som de abertura. O som de abertura é obtido quando o chimbal é “aberto” ( o pedal é solto) logo após o toque da baqueta.

Splash

O splash é um prato de efeito derivado do crash. Alguns percussionistas e bateristas de reggae e jazz sentiram a necessidade de um som de crash com menor volume, mais ataque e menos sustain que os crashes convencionais. O splash
pode ser usado em frases curtas no meio do groove (“licks”), sem que este seja interrompido, como no caso de um fill. Um baterista que fez uso exemplar dos splashes é Stewart Copeland, do The Police. Copeland criou grooves inéditos e originais usando padrões de combinação entre os hats e os splashes. Confiram em “Walking on the Moon”, por exemplo.


China

O China Crash (ou simplesmente China – lê-se em inglês e se pronuncia “tcháina”) é um prato de efeito inicialmente usado por percussionistas, mas foi rapidamente adotado pelos bateras de fusion e daí pro rock foi um passo. Os chinas têm seu design derivado dos gongos chineses e seus sons lembram vagamente os de um gongo. O design é bem diferente de um prato convencional: a principal característica é a sua borda invertida; a cúpula é rasa e pode ser achatada. Normalmente são montados de modo invertido: a cúpula é voltada para baixo e a borda invertida acaba voltada para baixo também. São pratos com ataque médio e sustain curto com muito volume. O timbre é quase sempre “sujo”, áspero, por vezes até desagradável, mas quando bem colocado, cria um efeito muito interessante. Pode ser utilizado para condução (Neil Peart domina esta técnica muito bem – ouçam os minutos finais de Subdivisions) ou ataque. Terry Bozzio utiliza chinas em grande quantidade em seu kit monstruoso para poder criar padrões de groove combinado os diferentes sons.


Swish

O Swish é um ride modificado para aumentar o sustain. A modificação consiste em colocar rebites (poucos, de 2 a 5) em furos feitos no corpo do prato. Ao se percutir o prato, as ondas induzem um vibração nos rebites , que por sua vez criam novas ondas no prato e assim por diante. Este prato é geralmente utilizado em Jazz.

Swish Knocker

O Swish Knocker é um China com rebites. Tem um som mais sujo e agressivo que o china normal e é utilizado como prato de efeito, principalmente por percussionistas.

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